close iframe icon
Banner

Untitled (1936) -Sarah Affonso (1899-1983)

Calouste Gulbenkian Museum, Lisbon, Portugal

Material: Oil on canvas
Collection: Private
ABOUT THE EXHIBITION

SARAH AFFON...
Read more

Calouste Gulbenkian Museum, Lisbon, Portugal

Material: Oil on canvas
Collection: Private
ABOUT THE EXHIBITION

SARAH AFFONSO AND FOLK ART FROM THE MINHO

This exhibition focuses on the relationship between the work of Sarah Affonso and the popular art of the Minho region. Often remembered as the wife of Almada Negreiros, Sarah Affonso was a modernist artist in her own right, with a remarkable career.

The Gulbenkian Museum is celebrating the 120thanniversary of the birth of Sarah Affonso (1899-1983), a Portuguese modernist painter whose work has not been widely researched or exhibited to date. Very often remembered as the wife of renowned Portuguese artist Almada Negreiros, she was an artist in her own right, with a remarkable career, which is revisited in this exhibition.

This exhibition examines Sarah Affonso’s singular relationship with the popular art and culture of the Minho, a region in the North of Portugal where she lived during her childhood and adolescence, between 1904 and 1915.

The region’s distinctive features – its traditions, fairs, processions and pilgrimages – lived on in the artist’s memory, and would come to feature prominently in her work from 1932 to 1933.

During this period, Affonso departed from her customary portraits in order to incorporate specific aspects of the Minho vernacular in her compositions.

The exhibition displays the artist’s work alongside examples of the ceramics, textiles, and silverwork that make up part of the visual lexicon that inspired her, some on loan from Portuguese museums and collectors.

The Calouste Gulbenkian Museum marks this anniversary together with the National Museum of Contemporary Art – Museu do Chiado, which will also dedicate an exhibition to the artist, opening in September.

Curator: Ana Vasconcelos

SOURCE: gulbenkian.pt-museu-en-agenda-sarah-affonso-and-folk-art-...


BIOGRAPHY

Nascida em Lisboa, em 1899, a vida de Sarah Affonso tem uma relação particular com a sua obra. Foram poucas as mulheres que souberam transpor em Portugal as barreiras sociais à afirmação das mulheres como artistas nas primeiras décadas do século XX. Foi a primeira mulher a frequentar, contra todas as convenções, o Brasileira, no Chiado, o que ilustra não só os preconceitos do seu tempo mas também o espírito independente com que os encarava. Mas se, por um lado, o tempo em que viveu condicionou o seu percurso artístico, foram também as suas vivências e memórias que usou como matéria-prima da sua arte. Foi a partir da sua própria vida – da infância e e dos laços de amizade e amor – que construiu uma linguagem e uma temática próprias.

Nascida em Lisboa numa família modesta, Sarah Affonso cedo foi viver para Viana do Castelo, onde ficou até aos 15 anos. Estes primeiros anos da sua vida marcariam indelevelmente a sua obra, desenvolvida nos trilhos dessa memória das paisagens minhotas, dos azuis, dos pinhais e das praias, do seu quotidiano e das tradições, das festas, profissões e feiras. Estudou pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, onde foi um dos últimos alunos de Columbano Pinheiro. Deste terá ficado com o gosto pelo retrato e pela encenação de uma certa intimidade (veja-se o Retrato de Tagarro e Waldemar Costa, 1929).



Expõe pela primeira vez em 1923, na Sociedade Nacional das Belas Artes em Lisboa (SNBA). Uma crítica de Mário Domingues aconselha-a a ir para Paris, o que faz no ano seguinte, suportada pelas poupanças do pai. Nos oito meses que passa na capital do mundo da arte frequenta aulas de modelo na Académie de Grande Chaumièr e, sobretudo, exercita o olhar – visita museus e exposições, mas também teatros e bailados, educando-se em tendências artísticas ignoradas em Portugal.



De volta a Lisboa, participa no primeiro e segundo Salão de Outono (SNBA, respetivamente 1925 e 1926). É neste período que começa a trabalhar nas artes decorativas, estratégia de sobrevivência habituais para os artistas portugueses nos anos 20. Faz ilustração de livros infantis, trabalhando frequentemente com Fernando de Castro (de Mariazinha em África - Romance para Meninos, 1925, a O Tesouro da Casa Amarela, 1932), e de imprensa (ABCzinho, entre outros), além de uma e outra incursão na cenografia. Mas trabalha sobretudo no bordado e no tricô. Após uma primeira exposição individual no Salão Bobonne, bem recebida pela crítica, volta em 1928 para Paris, vivendo do trabalho num atelier de costura. É particularmente impressionada por uma exposição de Henri Matisse, impacto que se pode detetar no quadro As Meninas deste ano (Museu do Chiado, Lisboa), exposto com algum sucesso no Salon d’Automne.



Após regressar a Lisboa no ano seguinte, em que expõe com José Tagarro no Salão Bobonne, participa em exposições coletivas (Salão de Artistas Independentes, 1930, onde expõe As Meninas; Salão de Inverno, 1932; Artistas Independentes, 1936; Exposição Moderna do Secretariado Nacional de Propaganda em 1940, 1942, 1944 – quando recebe o Prémio Souza-Cardoso por um retrato do filho – e 1945), e expõe individualmente em 1932, na Galeria do Século, e de novo em 1939. A receção crítica da sua obra foi, geralmente, boa, não obstante as categorias retóricas que subtilmente demarcavam as artistas mulheres (com uma obra inevitavelmente caracterizada como «lírica», «feminina», «íntima», «delicada» ...) dos seus colegas masculinos.



Em 1934 casa com Almada Negreiros, que acabara de voltar de uma estadia de sete anos em Madrid. A prazo, as obrigações de sustentar a sua família, tarefa nem sempre fácil, concorreram para a voluntária retirada da pintura, em finais dos anos 40. Mas nos primeiros anos do seu casamento desenvolve o que será a parte mais importante da sua obra pictórica. Dos retratos de meninas e mulheres e das paisagens urbanas passa para composições que incorporam motivos antes utilizados nos bordados, oriundos da cultura e imaginário populares. Evoca, a partir da memória da infância passada no Minho, costumes (procissões, festas, alminhas) e mitologias populares (nomeadamente as sereias). A obra Casamento na Aldeia, de 1937, é representativa desta fase da obra de Affonso. Outro motivo frequente é a família, que retrata num universo íntimo com sugestões mágicas ou lendárias (veja-se Família, também de 1937).



Como já foi referido, foram várias as razões que levaram Sarah Affonso a abandonar a pintura. Às razões pessoais juntavam-se a insegurança profissional e a falta de condições de trabalho. Continuou, no entanto, com um trabalho menos visível nas artes decorativas e de apoio a Almada Negreiros, ainda pouco conhecido. Em finais dos anos 50, retomou algumas das direções interrompidas, como a ilustração infantil (entre outros de A Menina do Mar, 1958, de Sophia de Mello Breyner Andresen) e o desenho.



Em 1953 obras suas integraram a representação portuguesa na Bienal de S. Paulo. No mesmo ano, houve uma retrospetiva na Galeria Março, Lisboa, e outra em 1962, na Galeria Dominguez Alvarez, Porto. No entanto, foi – à semelhança de outras artistas mulheres, como Milly Possoz ou Ofélia Marques – algo esquecida pela historiografia, situação que só mais recentemente começou a ser corrigida. Neste aspeto, olhares mais demorados porventura revelariam, na «poética de ingenuidade» que caracteriza a obra de Affonso, uma proposta pictórica mais pensada e consciente do que os motivos «inocentes» poderiam levar a crer, alimentada por uma cultura artística que não era comum em Portugal e um sentido de liberdade que lhe permitiu traçar sempre o seu próprio caminho.


Nota: Sobre a vida e a visão da artista pode-se consultar as Conversas com Sarah Affonso (Lisboa: Arcádia, 1982) de Maria José de Almada NEGREIROS, a sua nora, que serviram de base para Sarah Affonso (Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1989), da mesma autora. Para situar a artista no seu tempo, sobretudo no que diz respeito a questões de género, veja-se Emília FERREIRA, “Da deliciosa fragilidade feminina”, in Margens e Confluências, n. 11-12 (Dezembro 2006), p. 143-187.



Gerbert Verheij

Julho de 2012

SOURCE: gulbenkian.pt-museu-artist-sarah-affonso-
Read less

Views

12
See all
It’s your time to shine! ☀️

Share photos. Enter contests to win great prizes.
Earn coins, get amazing rewards. Join for free.

Already a member? Log In

By continuing, you agree to our Terms of Service, and acknowledge you've read our Privacy Policy Notice.